sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Loja de departamentos

Loja de departamentos é um negócio complicado... Eu só queria saber por que essas lojas têm tantas mentiras. Sim, essas lojas mentem sem dó nem piedade, e a gente, trouxa, nem percebe. Por exemplo, seção de DVD’s. Você olha e lê: “DVD’s organizados por ordem alfabética”. Bem... não. Não estão, não. Alguém avise ao moço da loja que aquilo ali está errado! Afinal, o que o “Ben Hur” está fazendo do ladinho do “Zorro”? Das duas, uma: ou eles tem muito poucos filmes, existindo um vazio imenso entre a letra B e a letra Z; ou a “ordem alfabética” foi pro beleléu faz tempo. Claro que a resposta certa é segunda opção, a não ser que estejamos falando daquela locadora caseira prestes a falir que fica perto da nossa casa.

Outra mentira é o tamanho das camisas. Aliás, comprar camisas em lojas de departamento é sinal de desespero, convenhamos. Geralmente se compra naquelas situações como: “Mãe, meus amigos podem rabiscar essa camisa na escola?”, “Não, menino! Essa é de sair! Vai naquela loja que a gente compra biscoito barato e traz quatro camisas!”, “Tá bom, mãe... Mas, peraí, dez reais? Não são quatro camisas?”, “Sim! E traz o troco!”. Essas camisas são feitas para bonecos e bonecas, porque o tamanho G deles equivale ao P que seres humanos normais vestem. Já a M e a P, bem... Melhor nem falar nada.

Eu também nunca entendi, nessas lojas, o fato de interromperem aquelas músicas irritantes pra falarem uns códigos mais irritantes ainda! “Atenção, Cê quatro, Jota dois, compareça ao Gê nove”. Eu sei que o “Cê quatro” deve ser alguém, e que o “Gê nove” deve ser algum lugar. Mas por que não falam o nome da pessoa e o lugar? É pra ser secreto? Será que o "Gê nove" também é uma pessoa? Aí sim existiria motivo para segredos! Com esses códigos, parece que eles estão jogando batalha naval. Dá a impressão de que, qualquer dia desses, vou ouvir pelas caixas de som: “Cê quatro, Gê nove” – volta música, interrompe de novo - “Acertou um porta aviões” – volta música.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Banho na casa dos outros

Tomar banho na casa dos outros é sempre um problema. A gente tenta evitar, mas às vezes não tem jeito.

Acontece que no seu banheiro você já sabe mais ou menos onde colocar suas coisas. Sabe onde colocar a toalha, onde jogar a roupa suja, onde deixar a roupa limpa até terminar o banho... Quando a gente entra no banheiro dos outros, não conseguimos achar UM lugar sequer para colocar nada nosso! Nada, por mais que o dono da casa veja mil lugares! A gente fica lá, perdido, segurando as roupas e pensando: “O que McGyver faria nessa hora?”. Daí, você acaba improvisando: coloca a calça em cima da pia (passando o braço pra ver se num tá muito molhada), a camisa em cima da descarga, e por aí vai. A roupa suja vai no chão mesmo.

Então, nos preparamos para entrar no box. Quando colocamos o primeiro pé nele, batidas na porta: “Ô, Fulano! Olha, não liga o chuveiro todo não, senão pega fogo! Só gira até o meio! E pra água esquentar tem que dar uma vassourada no interruptor, pulando em uma perna só!”. Macetes de chuveiro, todo mundo tem. Depois do ritual, conseguimos ligá-lo sem correr riscos.

Dentro do box, nos sentimos totalmente desconfortáveis. No nosso banheiro, a gente já tem um lugar correto onde ficar, sabemos o lugar exato onde a água vai cair. No dos outros, não! Ou a ducha é muito mais estreita, e faz você tomar banho aos poucos, exercitando o pescoço pra molhar a cabeça toda; ou é muito espalhada, te obrigando a dançar balé pra pegar os fios de água que teimam em não cair juntos, indo um pra cada lado e não molhando o indivíduo por completo.

Sabonete. Se a gente leva, tudo bem. Mas se não leva, cria-se um clima esquisito lá dentro. Você olha pro sabonete da pessoa, ele olha pra você, e você pensa: “É, amigo. Eu sei que não somos muito íntimos, mas preciso de você nessa hora. Estamos juntos nessa”. Daí você o pega e começa a esfregar pelo corpo. Você o esfrega com a sensação de que “algo está errado” naquilo tudo. É como se o sabonete fosse a mão de um tarado.

Depois do sabonete, a gente pega o xampu dos outros (o que não é tão constrangedor assim), coloca na mão, e percebe que ele está cheio de... água. O que leva uma pessoa a colocar água no xampu, afinal? Fica uma coisa meio melada, meio esquisita, sabe? “Ah, Fulano, é pra render”, usam essa desculpa. Sim, mas xampu não é ki-suco! Eles não entendem isso! Eu nunca vi escrito numa embalagem de xampu: FAZ 2 LITROS.

Terminamos o banho, nos enxugamos, catamos a roupa espalhada pelo banheiro, e olhamos para a roupa suja que deixamos no chão. Encaramos aquele amontoado de intimidade nossa, lembramos que não trouxemos um saco plástico e pensamos: “Puuutz... Como vou passar com isso pela casa dos outros?”. Daí, a gente embala a cueca (ou calcinha, no caso das mulheres) no meio das peças convencionais, de forma que não apareça nem mesmo uma brechinha. É como uma missão de espionagem: se deixarmos aparecer a cor da nossa cueca na casa dos outros, a missão falhou. É uma tarefa de alta periculosidade, pois o constrangimento poderá afetar a amizade pelo resto da vida! Saímos do banheiro com o amontoado de roupas embaixo do braço, segurando firme e andando sempre em frente, tentando agir com naturalidade (o que nunca dá certo, a tensão fica estampada na nossa cara), até chegarmos sãos e salvos à nossa mala/mochila/bolsa. Ufa!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Disk Galera

Tenho algumas indagações que não saem da minha cabeça: Alguém ainda liga pro “Disk Galera”? Por que esse negócio ainda não faliu? Por que ainda passa o comercial disso durante o Chaves? Será que isso existe mesmo?

Afinal, o mundo que eles mostram é tão perfeito, que nem dá pra acreditar. É igual Bambuluá, só que sem o “senhor do Mal”. Cheio de garotas boazudas, caras boa-pinta, não tem ninguém feio. Quer dizer então que, se eu ligar, só vou falar com beldades? E as mulheres, só vão encontrar galãs? E o que eles fazem com os feios? Bloqueiam os telefones? “Dá licença, senhor Batoré, eu vim aqui colocar um chip rapidinho no seu telefone, coisa rápida, viu. O senhor vai poder continuar ligando normalmente, exceto pro Disk Galera, tudo bem?”.

Já que é praticamente impossível fazer esse controle de qualidade, é bom eles colocarem um pouco de realidade no comercial... Um bom começo é chamar o mestre Tiririca pra ser garoto propaganda. “Ô, bestado, liga pra cá! Incrusivi você, gatinha, que quisé falá comigo, é só ligá pru número que aparecê na sua tela!”. E pros rapazes, contratem a lendária Filó. “Liga pra iêu! Vamu saí juntu? Não? Num sábi o qui cê vai perdê, meu fio... Oh, coitado!”.

O cúmulo do comercial é quando eles falam que nós podemos achar “aquele gato, ou aquela gata, que pode ser nossa pessoa especial”, e colocam imagem de casais belíssimos na banheira, ou num restaurante à luz de velas, ou jogando vôlei. Cara, vai que a pessoa liga, conhece alguém atraente, bate um bom papo, e na hora de marcar um encontro, marca um... vôlei??? O que tem a ver? Daqui a pouco vai ser o quê? Pescaria? “Eu lembro quando conheci a mãe de vocês, crianças... O mar estava agitado... A gente balançando ao som do mar, sua mãe enjoada... A sardinha se debatendo graciosamente no anzol, se recusando a subir no barco... Foi lindo...”

domingo, 31 de agosto de 2008

Supermercado

Fazer compras em supermercado pode ser encarado de várias formas pelas pessoas. Uns acham que é uma terapia, outros acham que é um saco (ou vários, se for compra de mês), outros não acham nada – apenas vão e ficam hipnotizados pela luz branca, pegando tudo o que é colorido e bonitinho (como os bolinhos Ana Maria, por exemplo. A gente não precisa deles, mas a embalagem é tão colorida e a menina parece tão feliz que é quase impossível não levar um).

O “passeio” começa com a escolha do carrinho. Dizem que não somos nós que escolhemos o carrinho; é o carrinho que escolhe a gente. Afinal, assim que olhamos pra pilha onde eles estão, sabemos exatamente qual iremos pegar. É como se ele estivesse nos chamando. Se alguma pessoa chega nele primeiro, a gente fica meio desnorteado. Por fim, conseguimos um, e quando estamos entrando no mercado o digníssimo começa a puxar pra direita. Olhamos pra roda e reparamos que ela está tortinha, tortinha, fazendo um barulho engraçado, como se estivesse rindo da gente. Nessa hora, o dilema: “Continuo com ele mesmo assim ou volto até lá e troco? Acabei de sair de lá, caramba! Agora que já escolhi e cheguei até aqui não vou voltar, não. Por que ele não mostrou que estava ruim assim que pegamos?”. Então, a roda começa a emperrar, e você nota que é inviável continuar com ele.

Entrando no mercado, com um carrinho em perfeitas condições, a primeira coisa que ouvimos é a voz do locutor pelos alto-falantes: “Alô, cliente amigo dos supermercados Promoshow, que bom ter você conosco! Aqui em frente aos frios, temos os biscoitos Mofadinho em promoção, venha aproveitar!”. Aliás, já reparou que as vozes destes locutores são sempre iguais? Devem ser todos irmãos, vindo de uma mesma mãe (ou de uma mesma fábrica). Gordos, magros, altos, baixos, não importa. Todos têm a mesmíssima voz grave e irritante.

Outra coisa irritante em supermercado são as “promoções-relâmpago”. Se você estiver perto de um produto que vai entrar numa promoção destas, corra. Corra como o vento. Logo, logo, neste lugar, será travado um duelo de proporções medievais, pode acreditar. É impressionante, mesmo que estejam vendendo “biscoitos Mofadinho sabor Jiló”, o som de tapas, socos e empurrões será ouvido durante alguns minutos rápidos e intensos. É como uma arena de gladiadores, só que ao invés de sair com a cabeça do adversário, as pessoas saem segurando um pacote de Mofadinho como um troféu, com arranhões no braço e os olhos lacrimejados de orgulho.

Alguns supermercados vendem produtos que não condizem muito com esse tipo de estabelecimento. Eu nunca entendi, por exemplo, mercados que vendem televisão, pneu, computadores... “Querida, vai no mercado?” “Sim, amor!” “Tá bom, não esquece do arroz, do óleo e da TV de plasma 42 polegadas, ok?” “Pode deixar! Não quer que eu traga um laptop? Acho que o nosso está meio gasto, precisando trocar”. “Sim, traga sim! Se o dinheiro não der, deixe o arroz! Beijo!”.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Segurando cartazes de candidatos

Eleições municipais chegando... Candidatos brotando como coelhinhos da Páscoa em abril... O circo está armado! Uma moda que está nas ruas desde as últimas eleições são pessoas segurando cartazes de políticos. Estas pessoas são localizadas perto de postes, de sinais de trânsito, ou em qualquer espaço gramado. Pode conferir.

Acho que essa não é uma estratégia muito adequada. Afinal, já repararam na cara de “meu time perdeu a final do campeonato” dessas pessoas? Estão sempre com a cabeça baixa, usando os cartazes para se proteger do sol. “Tá certo, candidato. Eu seguro seu cartaz e voto em você, mas faça uma placa que não deixe muito o sol passar, por favor! Nem quero saber de moradia, ou saneamento básico, só não quero voltar pra casa de ombro ardendo, pode ser?”.

Quando eu passo e vejo o quanto essas pessoas estão “animadas” por segurarem a tal placa de candidato, já me tira qualquer vontade de votar no sujeito. Coitadas, afinal! Se ele deixa o contratado dele com essa cara de “moço, me dá uma carona e me leva pra casa, não agüento mais ficar aqui!”, imagina o que ele pode fazer com os eleitores? É isso o que me passa pela cabeça quando vejo uma cena dessas! Vai ver é até um candidato bacana, mas a estratégia está tão certa quanto as previsões da mãe Dináh. Se eu fosse candidato, deixaria um pessoal debaixo de uma barraca de praia, com água-de-côco e óculos escuros dizendo, sorrindo: “Vote no Dan! O candidato Sundown!”.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Anúncios no poste

Vida de poste não é fácil. Além de trabalhar em pé durante todo o dia, sem folgas nos fins-de-semana, ainda tem que conviver diariamente com linhas de pipas se embolando em seus fios, com cachorros fazendo suas necessidades no seu pé, sem falar nos cartazes que sempre colam nele, anunciando todo o tipo de serviço. O mais famoso (e incômodo) é o que diz: “Trago a pessoa amada em 3 dias”.
Se isso realmente funciona, como eles dizem, deve existir toda uma corporação por trás desse ramo de negócios. Imagine se a pessoa amada de alguém está na Inglaterra, do outro lado do oceano. Será que fica mais caro? “Olha, eu trago ela pro senhor em três dias, mas temos o adicional da taxa de embarque, da ligação interurbana, da contratação do tradutor, da coxinha de frango no aeroporto do Galeão pro rapaz que for buscá-la...”.

Seria interessante se eles tivessem um serviço de telemarketing (o que não deve demorar muito a acontecer):
“Bom dia! É o senhor Carlos?”
“Sim, sou eu”.
“Senhor Carlos, aqui quem fala é Janete, da empresa ‘Trago, mas não estrago’, e gostaria de saber se o senhor estaria interessado em nossos serviços”.
“Serviços? Que serviços?”.
“Nós trazemos a pessoa amada em três dias, senhor”.
“Mas eu já moro com minha esposa, oras”.
“Ah, entendo, senhor. Mas o senhor está certificado de que ela é sua pessoa amada?”
“É claro! Estamos juntos há muito tempo!”
“Senhor, nesse caso, nós poderíamos estar procurando qualquer outra pessoa amada sua pela metade do preço, fora um adicional de procura”.
“Qualquer outra, é? Bem, nesse caso, me traga um donuts de canela com recheio de avelã. Não acho em padaria nenhuma, e olha que já rodei por todas as confeitarias da cidade!”
“Tudo bem, senhor, estaremos trazendo seu donuts de canela e avelã amado em três dias. Mais alguma coisa?”.
“Não, só isso. Obrigado”.

Uma promoção que eles poderiam fazer seria: “Trago a pessoa amada em três dias; e pagando mais 150 reais, trago a pessoa amada de banho tomado e dirigindo um Astra zero quilômetros, para passear com você pela cidade”.

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Outro cartaz comum de se encontrar nos postes é sobre animais desaparecidos. “Procuro cachorro vira-lata sumido há uma semana. O nome dele é Bolete e gosta muito de brincar. A dona sente falta dele e paga 15 reais para quem o achar”. Peraí, gosta dele, mas pra ter ele de volta só paga 15 reais? Acho que ela não deve estar sentindo tanta falta assim, não. Com esse dinheiro você mal pede uma pizza! Que dirá pedir pra trazerem seu cachorro de estimação sumido! E outra coisa: qual a importância de dizer no cartaz que ele gosta muito de brincar? Nunca entendi isso! “Ei, aquele cachorro ali não é o que a moça tá procurando?” “Não, aquele ali tá muito quieto. A moça disse que o dela gosta de brincar”. Bem, acho que o fato dele estar na rua sem ninguém deixa o animal sem muito clima pra brincadeiras, não? Desse jeito, vai ser impossível identificar o bichinho.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Propaganda de carro

Eu não consigo entender por que, nas propagandas de carro, eles falam sobre a mala em “litros”. “É o carro mais espaçoso na sua categoria! Na mala cabem 470 litros!”. Sim, será que eles pensam mesmo que eu vou encher o carro de água pra me importar com “quantos litros cabem no porta-malas”? Não seria muito mais simples dizer: “É o mais espaçoso! Cabem dois colchonetes (três, se forem daqueles velhos sem espumas), cinco mochilas estufadas de roupas, uma bola de praia, dez caixas de cerveja, sete garrafas de refrigerantes, além do seu cachorro Rudolph e sua sogra!”.

Algo muito comum em propaganda de carros é, por incrível que pareça, a ausência de... carros! Digo, é claro que aparece na tela o veículo que está sendo vendido pelo anúncio, mas é o único! Não há um automóvel sequer por perto. A paisagem é extremamente deserta. E, na maioria das vezes, tem uma família inteira no veículo (ou seja, casal de pais, um menino ruivo e uma menina com um ursinho de pelúcia no colo). A pergunta que fica é: pra onde essa família está indo? Será que se perderam? E, se eles estão perdidos, por que continuam sorrindo? Se fosse uma situação real, o menino estaria tentando rasgar o ursinho da irmã, a irmã estaria chorando porque estava apertada, a mulher estaria dizendo que “deveria ter escutado a mãe dela, e escolhido outro marido”, enquanto o marido estaria dizendo que sabia exatamente pra onde estava indo, sem fazer a menor idéia de onde estava. Talvez a mensagem que a propaganda quer passar seja: “Compre nosso carro, mas nunca se esqueça de levar um mapa quando for viajar!”.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Comércio x Datas Comemorativas

Durante todo o ano, existem várias datas comemorativas que o comércio torce pra chegar logo. Dia das mães, dos pais, das crianças, tem dia de tudo o quanto é gosto. Uma coisa que me espanta é o fato de algumas lojas tirarem proveito destas datas sem ter absolutamente nada a ver com elas! Acho que o melhor exemplo disso é o supermercado. “Venham! Comemorem o dia dos namorados nos supermercados Promoshow! Onde seu amor ficará mais feliz! E aproveite que este 12 de junho, além do dia dos namorados, é a quinta-feira da carne fresca!”. Agora vocês imaginem, nesse dia, chegar um rapaz pra namorada com um presente dos supermercados Promoshow. Faz sentido? “Ai, amor! Você me trouxe um presente?” “Sim, querida!” “É uma jóia? Um diamante?” “Não, minha linda, é meio quilo de alcatra! Toma, que tá fresquinha!”. Qualquer chance de uma noite promissora de amor vai por água abaixo com um "presente" destes...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Passando Informações

Quando estamos andando na rua, ou simplesmente conversando com amigos, muitas vezes um carro pára pra nos pedir informação. E o que você faz se não souber ajudá-lo? Ajuda assim mesmo! Nunca damos o braço a torcer. Falamos qualquer besteira, mas nunca dizemos: “É, amigo, não sei. Fica pra próxima”.

O engraçado é que sempre falamos até o ponto onde sabemos, mesmo que não seja nem um pouco significativo! “Olha, o senhor vai direto, e... tá vendo aquela senhora ali, a uns dois metros daqui? Então, chegando nela, é só perguntar que ela vai saber te informar, ok?”. E o sujeito sai com o carro, nos deixando com a sensação de que ajudamos pra caramba. “É, eu sei tudo do meu bairro! Eu sou o cara!”.

E, por favor, o que significa “segue a vida toda”? “Olha, o senhor pega essa próxima rua, entra na Avenida Brasil, segue a vida toda e dobra à esquerda”. Sabe, acho melhor a pessoa não dar ouvidos a essa dica. Afinal, ninguém quer passar o resto da vida dirigindo um carro na Av.Brasil, e é isso o que mandamos o sujeito fazer quando falamos “segue a vida toda”. Não podia ser, pelo menos: “Olha, entra na Brasil, segue até uns trinta anos, e vira à esquerda”. Mais fácil assim, não?

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Seguranças

Eu sempre tive uma dúvida. Afinal de contas, por que os seguranças usam terno? Não querendo menosprezar o serviço dos rapazes, mas, para realizarem seu trabalho, eles realmente precisam estar impecáveis? É algo meio contraditório, porque a chance de amassar a roupa é muito grande. “Olha lá! Um penetra querendo entrar pulando o muro! Pega ele, Tonhão! Ah, mas olha, não vá sujar o seu terninho!”
Além do que, acredito que os seguranças tenham que passar uma sensação de perigo para “infratores”, por assim dizer. Ora, acho que um terno não é o melhor traje para isso. Não seria muito mais coerente um kimono?

Quando estão trabalhando em shows, deve ser confuso na cabeça deles. Afinal, eles não vão ver o artista (que estará atrás deles, no bom sentido). Só vão ver o público. Imagino o que eles pensam num show de axé, por exemplo: “É, hoje vai ser um espetáculo”, “A Ivete? Mas a gente nem vai ver ela cantando!”, “Nah, me refiro às meninas de abadá! E os foras fenomenais que os moleques levam também são show de bola! Quando tem tapa, pra mim, já vale o ingresso – opa, o expediente! Adoro esses shows de axé, hehe!”.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Conversas Fragmentadas

É impressionante a quantidade de fragmentos de histórias que ouvimos enquanto andamos na rua, no shopping, ou em qualquer lugar público. Vêm conversando duas senhoras: “Menina, ela descobriu que ele botava chifre na esposa!”, “E aí?”, “Ah, aí um dia ela pegou a faca e...”. Que vontade de saber o final dessa história digna de novela mexicana, não é? Bem, mas o sinal fechou e você teve que atravessar a rua. E lá se vão as senhoras, gesticulando empolgadas, te deixando curioso.

Ouvir telefonemas também é algo bem divertido quando se está sozinho, ou entediado, esperando alguém chegar. Ligações de gente que reclama com operadoras de telefone são o “top de linha” do divertimento. A gente vai captando as pequenas alterações na pessoa. Quando ela começa a aumentar um pouco a voz, pode reparar, você vai começar a sorrir. Se estiver com algum conhecido do lado, você olha pra ele e os dois fazem uma careta do tipo: “Brabo o moço, não?”.

Se a pessoa começar a gritar no telefone, então, é o ápice. Nesse momento, todo mundo já começa a olhar pra ela, como se fosse uma tv de plasma passando a final da Copa do Mundo (com o Brasil jogando!). “Eu não quero mais essa droga de telefone! Eu quero que vocês se lasquem! Seus filhos de uma égua! Arrrrgh!”. O clássico “estão olhando o quê?”, dito pelo estressado, também se faz presente. Ora, sinceramente, o que o sujeito acha que estamos olhando? “Desculpe, senhor. Mas essa mancha de mostarda no seu canto da boca nos chamou a atenção. Aliás, minto. Na verdade, estamos olhando sua sobrancelha que lembra, incrivelmente, uma lacraia”.

No momento que ele desliga o telefone, todo mundo fica com medo do estressado vir falar com você. Mesmo que seja algo simples. “É revoltante! Eu fico indignado com essa gente! Cê num concorda?”. Se ele falasse que apóia a candidatura de Carla Perez à presidência da República, você concordaria. É natural, num caso desses. Ele é “O Estressado”, afinal. Concordamos e tentamos sair de perto o mais rápido possível. Afinal, nós queremos assistir ao show. Fazer parte dele são outros quinhentos.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Dilema na madrugada

Um dos maiores dilemas de um ser humano que beba qualquer tipo de líquido acontece de madrugada. Estamos em nossa cama quentinha, dormindo o trigésimo sono, quando, sem dó ou piedade, de forma quase traiçoeira, nos dá aquela vontade incontrolável de fazer xixi.

Parece que nossa bexiga está de brincadeira com nossa cara. “Tinha que ser agora mesmo? Eu estava aqui, sonhando com a Mulher Melancia e o E.T de Varginha discutindo a questão do Tibet! As nádegas da Melancia falavam por ela, pedindo o fim da repressão, e o E.T. apenas concordava com a boca aberta! Era incrível! E agora você me acorda, bexiga! Mas que droga!”.

Nessa hora, se passa um pequeno tribunal na nossa cabeça. Um lado diz: “Levanta e vai lá, é melhor. Depois mija nas calças e vai ficar falado em casa... Essas coisas não se controlam”. Enquanto o outro lado, mais forte, nos diz: “Que levantar, o que! Fica aí, que depois a vontade passa! Além do que, andar de madrugada pela casa nunca é bom. Você tem medo de fantasma, não tem? Pois bem, é nessa hora que eles aparecem! O melhor é ficar quietinho, aí”.

É uma escolha dificílima, mas a bexiga sempre vence e você vai cambaleando até o banheiro (depois de parar na frente da lixeira e perceber que está no lugar errado). Quando você volta pra cama, por mais que feche os olhos e pense muito na Mulher Melancia, ela já terá desaparecido. Vai ter que se conformar com o Tiririca te dando aula de Matemática vestindo um chapéu de cowboy.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Moeda no chão

Muitas vezes, pequenas coisas servem para animar todo o nosso dia. Um exemplo? Achar uma moeda de um real no chão. Ver um objeto brilhando na calçada, se abaixar e finalmente confirmar que é dinheiro faz qualquer pessoa deprimida acreditar novamente que existe justiça no mundo! “Um real no chão! Eu vivo no melhor lugar do mundo! Aqui tem dinheiro na calçada, a vida é fantástica!”

Dá uma sensação melhor do que se aparecesse vinte reais em nossa conta no banco. Por mais que o valor seja maior, não causa o mesmo efeito. “Vinte reais na minha conta? Ah, deve ser uma dessas armadilhas do banco. Depois que pegar, vou ter que pagar cinqüenta pra eles, aposto...”.

O engraçado é que a pessoa, na maioria das vezes, sempre compra um bilhete de loteria ou uma raspadinha com este dinheiro achado no chão. A pergunta é: para quê? “Bem, se eu achei essa moeda, é sinal de que ela vai me dar sorte!”. Tá, tudo bem, mas você já deu sorte de ter achado ela! Será que já não valeu? A sorte dá a mão, e a pessoa quer o braço! Na verdade, você daria mais sorte se comprasse um Chokito com essa moeda. Ou aquelas balinhas do ônibus, também conhecidas como “divertimento das crianças" e "passatempo da viagem”.

segunda-feira, 17 de março de 2008

É Páscoa!

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Páscoa é uma data que chega rápido. Assim que o sujeito dá a última nota das escolas de samba, já podemos ver os orelhudos coelhinhos dominando desde megalojas até vendinhas de esquina. “Acadêmicos do Pneu Furado... Dez! Nota dez!”, “É, ganhou, ganhou, mas dá licença, que agora sou eu!”, diz o felpudo.

Uma coisa que eu nunca entendi direito é: por que um ovo de chocolate? Coelho bota ovo? “Ah, mas é o significado da vida! E coelhos têm muitos filhos! Filhos são igual a vida”. Sim, até aí tudo bem. Mas, mesmo que coelho botasse ovo, o que iriam parir? Um brinquedo? “Olha, querido! É um... é um... apito!” “Puxa, querida! Que ótimo! Eu preferia uma língua-de-sogra, mas esse apito também vai ser amado! O importante é ter saúde e fazer barulhinho. ‘Cuti cuti’!”.

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Dizem que a fase de transição da infância pra a adolescência acontece com as mudanças hormonais; ou com o grau de dificuldade na escola, que vai aumentando. Pode ser, mas é na Páscoa que temos certeza se já somos adolescentes ou não. E como saber isso? Bem, se você sempre ganhava ovos de Páscoa e desta vez recebeu uma caixa de bombons, parabéns (ou não)! Você é um adolescente. A partir daí, se quiser um ovo, vai ter que comprar! Pode ir na birosca mais próxima; lá vai ter um ovo da última Páscoa, quebrado, te esperando sorridente. E não repare se o coelhinho parecer um “Gremilin”. É só a embalagem que está amassada.

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O que será que o Coelhinho da Páscoa faz durante o resto do ano? O velho Noel fica lá no pólo norte com sua senhora, bebendo coca-cola (ouvi dizer que já não agüenta mais tomar isso, só que a Coca paga todas as suas dívidas; então, ai dele se tomar guaraná); já o coelhinho, ninguém sabe. Acho que eles moram embaixo da terra e quando vai chegando essa época, eles entram nas gigantescas filas de emprego que se abrem pra saírem nas embalagens dos ovos de páscoa. Os cargos mais disputados são para representar a Garoto e a Nestlé. Saem brigas monumentais entre os pequenos orelhudos. “Hey! Eu cheguei na frente! Furando fila aí, oh!” “Eu sou o mais velho, então tenho direito passsar a frente!”. Vendo a discussão ficar mais feia, o fiscal diz: “Mais velho? Sinto muito, amigo. Vá comer cenouras em outro lugar, aqui precisamos de fofinhos, e seu pêlo está gasto, não nos interessa” “Nem ligo! No Guanabara tem vaga pra mim, seus inúteis! E ainda trabalho com o André Marques e com o Leonardo! Cof cof!”.

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No comercial do (quase) supermercado Multi Market, aparece uma galinha vendendo ovos de Páscoa! Isso sim faz sentido! “Eles me ouviram!”, pensei na hora. Mas, quando apareceu um porco no mesmo comercial, vendendo os mesmos ovos, eu desisti. Deixei pra lá.

Boa Páscoa a todos!

segunda-feira, 3 de março de 2008

Boas-vindas

Quando perguntam qual objeto tem a vida mais ingrata, todos respondem: o papel higiênico. Bem, eu discordo! Já pararam pra pensar como deve ser a vida de um tapete de “boas-vindas”? Ele está lá, todo feliz, com suas belas letras saudando nossa chegada, nos cumprimentando e nos desejando bem... E o que fazemos? Pisamos nele! Mas não só colocamos os pés em cima, pois isso ainda seria aceitável, já que se trata de um tapete; nós esfregamos na cara dele que não ligamos! “Ei, obrigado pelas boas-vindas! Quer algo em troca? Ok, fique com este pedaço de lama como um presente. É da rua de cima, de excelente qualidade! Você vai gostar...”

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Comendo na frente da menina

Voltando ao assunto “conquistar uma menina”, dessa vez quero falar sobre como a gente se comporta quando vai comer alguma coisa na frente da garota que gosta. Nós tentamos fazer charme das piores maneiras possíveis, pode reparar! Já vi garotos que seguram as batatas fritas como se fosse um cigarro (ainda bem que não é um kibe, senão iria parecer um modelo gigante e esquisito de charuto cubano, não?), já vi beberem milk shake sem canudo, pra mostrarem que não tem “frescuras” pra beber (realmente, é muito perigoso ingerir ovomaltine sem ser através de um canudo), entre outros atos...

Agora, o que nos deixa realmente irritados é quando estamos comendo um salgado e ele começa a se destroçar na nossa mão. Nós, que queremos parecer tão charmosos, uns verdadeiros James Bond’s, vemos tudo ir por água abaixo, junto com o pedaço de presunto que voa da nossa boca e vai parar no meio da mesa, se tornando o centro das atenções. “Hey, seu panaca! Eu voei da sua boca e consegui atrair o olhar da sua menina! E eu sou um presunto, seu trouxa! Um presunto! Incompetente! Hahaha!”. Ficamos sem ação, e com ódio do presunto.

Até em algo simples, como uma bala, é possível arranjarmos problemas. As de mastigar, especificamente, são traiçoeiras. Ela em nossa boca é como um explorador na mata: às vezes atravessa direto, às vezes arruma um lugar pra parar. “É... Meu caminho até o estômago vai ser longo. Melhor eu dar uma descansada por aqui. Adorei este canto entre a gengiva e o siso! Aqui está ótimo! É, acho que vou ficar por aqui hoje”, e gruda lá de vez, para nosso desespero. Mesmo que nossa língua fique insistindo pra ela se retirar, a bala é resistente! E quando fazemos isso, tentamos disfarçar pra menina. Mas acho que, no fundo, ela sabe que, enquanto parecemos estar tranqüilos, se trava uma verdadeira batalha medieval entre nossos dentes. Não há como fugir, os estalos nos denunciam.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Discutindo por dinheiro

Discutir com amigos é algo totalmente natural. Discute-se por coisas que foram ditas pelas costas (as conhecidíssimas “fofocas”), discute-se por não termos ido à festa dele... Até quando a ligação cai é motivo de discussão, pois um amigo pode achar que o outro desligou na cara dele. Todos esses bate-bocas são completamente aceitáveis, mas tem um tipo de desentendimento que eu nunca consegui compreender: a discussão por dinheiro.

Quando eu digo “discussão por dinheiro”, não estou me referindo àquela clássica de um cobrar grana do outro, pelo contrário. As brigas mais ferozes surgem quando um quer pagar a pizza, cinema ou cerveja do outro! “Você está me fazendo um favor? Está gentilmente pagando meu pedaço de pizza, apenas pela minha companhia? Como ousa? E eu que pensei que você fosse meu amigo...”. Dá pra entender?

Experimente beber duas cervejas com alguém. Quando chegar a conta, diga as palavras: “deixa que eu pago”. Repare no comportamento do outro. Primeiramente, ele vai se mostrar incrédulo. “Como assim, ‘deixa que eu pago’? Não, senhor! Eu também bebi (sempre usam esse argumento)! Faço questão de pagar minha parte, João!”. “Mas, Zé, eu recebi hoje! Tô com uma graninha sobrando, fica ‘relax’!”. Nessa parte da conversa, o Zé já se levantou e coloca o dedo na cara do João. “Seu mentecapto! Seu sem-vergonha! Não admito que você me pague essa cerveja (de dois reais, um valor altíssimo)! O que eu te fiz pra ser ofendido assim, afinal? Eu pago a minha e ponto!”. E, quando percebem, o bar todo já está olhando pra vocês, o clima fica pesado e só voltam a se falar depois de umas semanas...

Acredito que seja a discussão mais “besta” que possa existir. Não é possível que ninguém goste que outra pessoa pague as coisas quando saímos juntos pra algum lugar... Por isso, eu não discuto mais! Quer pagar a minha parte? Ou então, não aceita que eu pague? Retruco uma vez, duas, e chega. Afinal, não vou procurar encrenca com meus amigos... Ainda mais por um motivo tão “sério” desses...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Celular moderno

Me lembro do tempo em que os celulares não tinham tantas funções como os de hoje. Se atualmente as pessoas falam: “Seu celular não roda a trilogia do Poderoso Chefão? Não filma em resolução alta? É... Já vi que entrei na modernidade primeiro que você, meu caro...”, a conversa antigamente era: “Oh, o seu celular não tem nenhum joguinho? Pobre excluído... tsc tsc... Sim, sou melhor que você. Por que? Bem, eu tenho Tetris, é por isso”.

Quando vamos comprar celular, sempre nos empurram um que tire fotos. Todos sabemos que a máquina digital é bem melhor! “Ah, é pra caso você querer tirar uma foto urgente e não estar com a máquina”, a vendedora me fala. O que pode ser urgente? Um assalto? “Com licença, senhor bandido, poderia devolver a bolsa pra moça e pegar de novo? É que não deu tempo de eu sacar meu celular da calça, sabe como são esses bolsos...”.

E quanto a filmar? As filmagens de celular é que se parecem com Tetris! Todos ficamos quadrados e tudo fica distorcido. Filmagem urgente? “Olha, uma carreta está virando e parece estar vindo na nossa direção!”. “Sério? Vou filmar com meu celular moderno”. E, quando vemos as imagens, a carreta nos lembra, na verdade, um Digimon. E com raiva.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

As frases-feitas

Conquistar uma menina é extremamente difícil. É um verdadeiro trabalho de Hércules, com todo respeito ao Minotauro e à Hidra.

Nossos maiores obstáculos são as frases-feitas que elas nos dão como desculpa; que, pra elas, soa como um argumento completamente aceitável, mas nós sabemos que não tem uma gota de verdade!

“Ah, não vou ficar com você porque você é muito meu amigo!”. “Como assim? Quer dizer que você não fica comigo... porque a gente se dá bem? Ah, então o tio da cantina tem mais chance? Digo, uma vez eu vi você discutir com ele, vocês são meio brigados, então deduzi isso...”

Nem o boi dorme mais com essa história. Pode acreditar, o problema é outro. Faça um regime, uma plástica, faça alguma coisa no cabelo ou algo parecido. Não ser amigo da menina também não vai ajudar, porque nesse caso ela diz: “Mas eu nem te conheço direito!”.

Outra coisa acontece quando ela diz que “acabou de sair de um relacionamento complicado”. A frase mais ouvida nessa situação é: “Eu estou numa fase muito eu!”... O que vem a ser uma “fase muito eu”? Melhor dizendo, como seria uma fase que não seja “muito eu”? “Sabe, eu estou numa fase meio ‘Sérgio Mallandro’ ultimamente...”. Isso não existe! É claro que ela está numa fase “muito eu”! Pois esse é o natural, sempre!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

"Vamos combinar"

Então, você está andando na rua e encontra aquele amigo que não vê há muito tempo. Vocês se falam, perguntam: “como vão as coisas?”, entre outras perguntas de resposta rápida, apresenta quem quer que esteja do seu lado e continua conversando. Depois, um dos dois diz: “A gente não se vê há tanto tempo! Vamos marcar alguma coisa!”. Não que a pessoa queira, de fato, rever o outro. É apenas mais uma regra da sociedade. É constrangedor! E o outro pensa: “Ah, não! Eu não quero ter que conversar com esse cara de novo! Se em dois minutos eu já quero me livrar dele, que dirá numa visita completa!”. Enfim, existe uma simples solução para isso. Duas palavras: “Vamos combinar!”.

É genial! Ao dizer essas duas palavrinhas, você adia não só um compromisso, mas adia também o ato de marcar este compromisso! No fundo, “vamos combinar” significa: “Foi legal te ver de novo, eu sei! Mas já deu! Espero te encontrar somente daqui a alguns meses, quando estiver voltando do trabalho, ou comprando pão, ou sei lá...”.

Se não fosse isso, por que não combinam ali, na hora? O que é preciso pra combinar? Basta se encontrar e dizer: em tal dia, em tal hora, estarei disponível. Ou será que existe algum ritual? “Bem, tenho que consultar meu orientador espiritual. Se a Lua estiver em Sagitário, eu te digo a que horas podemos marcar alguma coisa”.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Convenção de guarda-chuvas

Acredito que exista uma “Convenção dos Guarda-Chuvas”, algo como uma sociedade secreta entre esses objetos. Depois de certo tempo usando, algumas semanas talvez, eles se revoltam e somem das nossas vistas, como mágica! “Ei, você viu meu guarda-chuva? Agora mesmo estava debaixo da mesa!” ou “Meu Deus! Eu tinha dez guarda-chuvas no armário, sumiram todos!”.

Isso sempre acontece. É difícil vermos ele se estragar nas nossas mãos; sempre desaparece antes. Ainda existem as pessoas que tentam mantê-los por um tempo a mais. Nesses casos, eles tentam outra saída. Os céus. Saia num dia chuvoso com um guarda-chuva bastante usado e repare bem o quanto ele tenta se desvencilhar de nós para ganhar o cinzento céu nublado. Pra onde ele vai? Encontrar os amigos na dita “convenção”, provavelmente.

Apuração

Apuração de desfile de escola de samba é uma das coisas mais engraçadamente injustas. Digo, a escola não ganha apenas se fizer bonito. Não depende somente dela; depende quase exclusivamente dos jurados.

E se fosse assim no futebol? Um time faz um gol, e o juiz simplesmente não valida. “Ô, juiz! Foi gol, pô! Eu chutei de fora da área, não estava impedido!”. “Eu sei disso, filho. Mas, sabe, não gostei das suas sobrancelhas. Ah, e seu companheiro de ataque se chama ‘Wagninho Minhoca’. Isso lá é nome de coisa?”, e pronto, está explicado o motivo! Sem desculpas ou reclamações! No fundo, deve ser o sonho de qualquer juiz. E viva o carnaval!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Amor de Carnaval

Dizem que “amor de carnaval” é uma paixão intensa que se vive no curto período dos festejos carnavalescos. É uma relação forte, que as pessoas esperam o ano todo para ter novamente. Pois bem. Para a maioria das crianças, o amor de carnaval é a famosa espuminha branca. Eles esperam o ano inteiro para ter essa arma-de-espalhar-chatice nas mãos. Deve ser fantástico pra eles: “Ei, eu posso simplesmente espirrar isso para o alto no meio dos adultos? Posso tacar nos meus colegas e sujar a rua, que não tem problema? Eu amo isso aqui!”.

O que é fascinante pra eles, é irritante para os outros. Sempre tem aquele que diz: “Nah, eu não vou me sujar com isso. Eles não vão conseguir, basta ficar de olho”. Sinto lhe dizer, amigo, mas isso é impossível. Olhe para trás e verá que está com um bolo de espuma, na parte debaixo da camisa. Notando bem, parece até um pomposo rabo de coelho.

Nas mãos de uma criança inofensiva, a espuma acaba se voltando contra ela. O máximo que ela faz é sujar um pouco o braço do colega ou então tacar tudo no chão, num cantinho. No entanto, quando outras crianças percebem que ela também está segurando um frasco, partem para o ataque. Logo, logo, o pobre menino ou menina estará vestindo um belo chapéu. De espuma, obviamente.

O início de um blog

Já perceberam que todo mundo, assim que cria um blog, não sabe como se apresentar e escreve um monte de besteiras? Uns divagam sobre a internet e suas maravilhas, sobre como resistiram a ela... Outros dizem que estão "invadindo o mundo dos blogs". Aliás, "invadir" é uma palavra bastante usada nesse universo virtual. Os internautas adoram a sensação de estar "invadindo" algum lugar. "Yeah! Eu tenho o poder de invadir, eu sou um invasor! Ah, mãe, busca uma coca-cola na geladeira quando for na cozinha?". Algo meio contraditório, não?
Enfim... Espero que curtam o blog!