terça-feira, 17 de maio de 2011

Nesta Data Querida

Provavelmente minha festa de 30 anos vai ser assim:



Fazer aniversário é sempre uma experiência curiosa... A gente fica meio reflexivo, pensando no que já fez da vida; se o copo está meio cheio ou meio vazio... Daí enche o copo de álcool, e continua refletindo...

Completei 23 anos hoje.
Fui jantar com minha família num restaurante do shopping, algo não muito típico pra uma terça-feira (ainda mais chuvosa) e meus pais fizeram pedidos, digamos, excêntricos.
Minha mãe pediu ravioli de queijo coalho, com “toques” de damasco. Meu pai pediu camarões empanados.

Vamos ao ravioli.
Minha mãe pensou, como boa freqüentadora de praia que é, que o “queijo coalho” viria em sua forma “queijo coalho” de ser. No máximo uns pedaços cortados, dourados em damasco e tal, junto com belos raviolis... Qual não foi nossa surpresa quando vimos o prato. Afinal, não lembrávamos de ler a palavra “piscina”ou “alagamento” na descrição. Era uma verdadeira bacia de queijo líquido, e os raviolis boiando, pedindo socorro. Me lembrou Titanic. Não iria me espantar se, do meio da enchente de queijo, saísse Celine Dion cantando “My Heart Will Go On”. (Nesse caso, o título mais apropriado seria “My Heart Will Stop Working” ou “My Heart Will Quit”, devido ao colesterol daquele prato).

Agora os camarões.
Eles estavam até bons, segundo meu pai. Porém, os cascudos frutos do mar já vieram prontos pra guerra, devido às armaduras que estavam vestindo. Nomeei o maiorzinho de Rei Arthur.
Não sabíamos, afinal, que “empanado” queria dizer “portando proteção indestrutível”. Meu pai disse, do alto de sua reflexão: “São os Power Rangers?”

Enfim, é bom ir nesses lugares mais requintados de vez em quando, pra dar risadas com essas situações. Eu e meu irmão pedimos filé com batatas noisette (tipo umas bolinhas de batata frita, comi uma vez e foi paixão à primeira vista), e não teve erro. Não adianta inventar muito nesses lugares. Quando vejo um nome de prato difícil, o cérebro já manda uma mensagem pro estômago, dizendo: “É, camarada... vai acordando o tradutor, que vem gringo aí, pelo jeito”. No que o estômago responde: “Orra, tradutor tá de férias, bicho, vai dificultar o diálogo aqui embaixo! Manda ele escolher o filé, que é melhor! Ô, nariz, capta aí uma fumaça de churrasco pra essa anta!"

Voltando às reflexões... O engraçado é que ainda não me sinto adulto. Disse pra um amigo que só vou me sentir adulto com 26 anos. Acho que 26 anos é aquela idade limite, onde nem pra jovem de “Malhação” você serve mais. De 26 anos em diante, dizem que fica feio ganhar ovo de Páscoa, ter uma estante de brinquedos no quarto, passar o fim-de-semana jogando videogame... Será que fica feio eu não dar a mínima pra isso?

terça-feira, 8 de março de 2011

Velhos tempos de Matinê


Jovens super descolados numa super matinê num super clima de azaração!


Segunda-feira sempre era um alvoroço na escola. Dia de colocar todas as novidades do fim-de-semana na pauta, mas o assunto campeão era um só: a matinê de domingo.

Durante toda a semana, a turma já vinha comentando sobre como seria a próxima matinê – toda edição era especial. “Ah, dessa vez vão tocar só funk composto por canhotos nascidos no dia 17 de julho!”, então sempre havia um motivo pra ir. Mas claro que o motivo principal era brincar de boate.

Os distribuidores de flyers eram reis no colégio. Eles andavam com sua mochila cheia de panfletos, e os pré-adolescentes cercavam as criaturas na hora do recreio como se colocassem uma bolsa de O- numa caverna lotada de morcegos. Engraçado é que eles eram proibidos de distribuir flyer na porta da matinê, então no dia do evento agiam como cambistas – andavam escondidos, à espreita, e falavam com o canto da boca. “Psiu... Você aí, menininha de rosa, descontinho aí, vai? Descontinho?”. E sim, elas queriam descontinho.

Na primeira vez que eu fui numa dessas eu tinha 14 anos, e lembro que pensei no termo “dança do acasalamento” umas 300 vezes. E me toquei de que se você pensa nessas coisas, é porque você de fato não nasceu pra isso.

Outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de ver adolescentes segurando Sukita e Guaraná como quem segura um copo de uísque, dando aquela balançadinha no gelo e tudo (já que a bebida alcoólica é terminantemente proibida). Isso me leva a uma pergunta: como conseguiam encarar uma matinê sóbrios? Então, vinha o DJ e perguntava: “Quem já beijou na boca, aí?”. A regra é: levante a mão. Não importa se beijou ou não. Sempre levante a mão. Sempre. Se for o caso, balbucie algo que lembre a palavra “eu” ou “yeah”.

Daí, o microfone anunciava: “Fulana, favor se dirigir até a saída do clube, seu pai o aguarda”. Se descobrissem quem era Fulana, era o fim de sua vida em sociedade. Um urro estridente corria toda a matinê, e a criatura perdia de imediato a vontade de viver. Anos de terapia. Provavelmente vai virar diretora para um abrigo de cães superdotados ou algo assim. O ideal era a fulana urrar também, dar uns 10 minutos e falar pros amigos que tá indo embora. Assim ela vai ter alguma chance de vencer na vida.

De volta pra escola, no dia seguinte, rola a famosa contagem. “Pegou quantas?” “Pô, uma loira, duas morenas e duas ruivas”. E quando vai ver de verdade, o que o camarada pegou mesmo foi uma grande habilidade em contar lorotas. O que não é pra todo mundo, devemos reconhecer.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Feiras de Colégio

O término de mais uma feira, em qualquer colégio próximo de você

Poucas coisas no mundo escolar são tão ridiculamente absurdas quanto feiras de colégio.

Nos preparativos, sempre são os pais que acabam se ferrando. O filho querido sempre avisa sobre a feira dois dias antes de acontecer, e que o trabalho vai substituir a prova, e que ele vai repetir de ano se não fizer o trabalho direito. Cabe ao pai e à mãe, então, deixar a barraca a mais espetacular possível. Eles não vêem só uma barraca ali, vêem um ano de investimento.

Nunca entendi este conceito. Quer dizer, ao invés de fazer uma prova, você monta uma barraquinha, pega umas cartolinas coloridas e pronto: você já sabe tudo de física, matemática e história. “Quem descobriu o Brasil?” “Sei lá! Mas olha que bonito meu origami de jornal molhado!”

E o que são aquelas cartolinas com camisinhas coladas? Acho que toda camisinha deve se sentir envergonhada. Quando abrem o pacote, ela pensa: “Oba! Vou entrar em ação! Tá certo que a luz do dia tá na minha cara, mas não vou julgar meu dono, né? Epa, peraí, é uma criança? Epa, uma cartolina? Ah, não! Trabalho escolar nãaaaaao....”. E pronto, lá se vai a reputação para com os outros preservativos. Para as camisinhas não se sentirem solitárias, entra em cena o show de horror de fotos das mais variadas doenças sexualmente transmissíveis possíveis. Tem fotos que não dá pra acreditar. Algumas você vê e pensa que só seria possível se fosse num pato ou num jacaré. Porque não é possível.

Então começa a jornada dos pais entre papelarias, lojas de madeiras, lojas de ferragens, mercearias, casas de festa, casas de feitiçaria e depósito de bebidas (já que ninguém é de ferro). Passam a noite toda em claro, xingando o filho até a orelha da criança declarar greve.
A paciência vai acabando conforme a madrugada avança. No início, escritas na cartolina, há belas frases como: “Napoleão Bonaparte foi um poderoso conquistador que dominara com esplendor um sortilégio de inimigos”. Já no final, há frases como: “Aí danou-se tudo pro francês, acabou o milho, acabou a pipoca”.

Depois de dormir por cinco minutos, toca o despertador e a criança vai pra escola com os trambolhos. Na menor ameaça de deixar o trabalho cair, a mãe grita como se a vida dependesse disso. Montam-se as várias barraquinhas e os professores começam a desfilar. E o negócio funciona mais ou menos como visita de fiscais em restaurantes: tudo brilhando quando eles aparecem, tudo esculhambado quando vão embora. Até as balinhas que você colocou fora da validade são escondidas.

Acontece também uma troca de turnos, quando é trabalho em dupla. “Oh, agora eu vou dar uma volta, fica aí na barraca, certo?”. Isso é receita pro desastre. Sempre tem um filho da mãe que fala que vai comprar churros e não volta nunca mais. Aí você fica apertado pra ir no banheiro. Aí você lembra que não pode abandonar a barraca. Aí você abandona mesmo assim. Aí quando você volta vê que construíram uma Estácio onde antes era sua barraca.

Então, resumindo tudo: não precisa estudar, é só manter os professores longe das balinhas vencidas que seu ano escolar está garantido!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Lojas "tem-de-tudo"

Uma coisa que sempre me impressiona são essas lojinhas perto de nossas casas que têm de tudo. Quando eu falo “tem de tudo”, parece até modo de dizer, mas não. Elas têm de tudo mesmo.
Você entra para comprar um simples guache para um trabalho de escola e sai de lá com uma coleção inteira de obras-de-arte. Entra para comprar um band-aid e sai já com um atestado médico. E por aí vai.

Geralmente, essas lojas são bastante antigas, e os atendentes (e proprietários) são idosos carrancudos envoltos em mistério. Ninguém sabe muito bem de onde vieram, ou como foram parar ali. Não deixa de ser um contraste bem bizarro eles terem essa cara de mau e venderem adesivos da Hello Kitty e canetas coloridas. É como se o Darth Vader colocasse uma avental e fosse vender doces, entende? Não combina.

Exageros à parte, às vezes acho que os donos dessas lojas são pessoas muito indecisas. Eles estavam em dúvida se abririam uma loja de ferragens, uma papelaria, uma loja de piscinas, uma loja de eletrodomésticos, uma firma de advocacia ou uma produtora de cinema. Acabaram abrindo uma que abrigasse todas as áreas, com produtos custando R$ 1,99. É tanta coisa, que eu não me surpreenderia se o pessoal da NASA entrasse num desses lugares procurando material pra conserto de ônibus espacial, por exemplo.

É sempre bom ter essas lojas por perto, caso você precise comprar equipamentos de alpinismo, ou uma bandeira da Somália, ou uma asa-delta, ou uma bola de basquete, ou um bote inflável, ou um poodle. Se você for fazer alpinismo para erguer uma bandeira da Somália no topo da montanha, sair de lá numa asa-delta, pousar num bote inflável e jogar basquete com um poodle, não precisa se deslocar em várias lojas pra se preparar, basta ir num lugar só.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pra todas as idades

Já repararam como músicos, apresentadores e artistas em geral adoram dizer que seu trabalho é pra “todas as idades”? Eu não entendo, pra que mentir?
Parece uma lei no mundo artístico: mesmo que você escreva óperas, nunca numa entrevista você vai poder dizer “Bem, um recado pras criancinhas: Fiquem longe dos meus palcos!”. Não. É obrigatório falar que elas adoram as apresentações, que elas são presença marcante, e que toda a equipe da TV Globinho, inclusive, está tendo aulas de canto clássico pra ver se atrai mais a audiência, tudo por causa da presença massiva de pequenos na sua ópera.

O oposto também acontece. Essas apresentadoras de programas infantis amam dizer que “Velhinhos param ela na rua para falar que assistem toda manhã! Não são fofos?”. Não! Não são fofos! É só uma fórmula matemática, acompanhem: bela loira + roupa apertada + voz manhosa = audiência de senhores de idade a qualquer hora do dia.

Talvez seja por isso que a Xuxa deixou bem claro nos seus dvd's: “Isso é SÓ PARA BAIXINHOS, cacete! “Todas as idades”, uma ova! Nada de mulheres quase peladas aqui, seus tarados. Aqui você só vai encontrar de Tchutchucão pra baixo. Sacou, coroa? E um aviso pro Romário e sujeitos de pequena estatura em geral: nem tentem! Baixinho aqui tem outro sentido!”

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Loja de departamentos

Loja de departamentos é um negócio complicado... Eu só queria saber por que essas lojas têm tantas mentiras. Sim, essas lojas mentem sem dó nem piedade, e a gente, trouxa, nem percebe. Por exemplo, seção de DVD’s. Você olha e lê: “DVD’s organizados por ordem alfabética”. Bem... não. Não estão, não. Alguém avise ao moço da loja que aquilo ali está errado! Afinal, o que o “Ben Hur” está fazendo do ladinho do “Zorro”? Das duas, uma: ou eles tem muito poucos filmes, existindo um vazio imenso entre a letra B e a letra Z; ou a “ordem alfabética” foi pro beleléu faz tempo. Claro que a resposta certa é segunda opção, a não ser que estejamos falando daquela locadora caseira prestes a falir que fica perto da nossa casa.

Outra mentira é o tamanho das camisas. Aliás, comprar camisas em lojas de departamento é sinal de desespero, convenhamos. Geralmente se compra naquelas situações como: “Mãe, meus amigos podem rabiscar essa camisa na escola?”, “Não, menino! Essa é de sair! Vai naquela loja que a gente compra biscoito barato e traz quatro camisas!”, “Tá bom, mãe... Mas, peraí, dez reais? Não são quatro camisas?”, “Sim! E traz o troco!”. Essas camisas são feitas para bonecos e bonecas, porque o tamanho G deles equivale ao P que seres humanos normais vestem. Já a M e a P, bem... Melhor nem falar nada.

Eu também nunca entendi, nessas lojas, o fato de interromperem aquelas músicas irritantes pra falarem uns códigos mais irritantes ainda! “Atenção, Cê quatro, Jota dois, compareça ao Gê nove”. Eu sei que o “Cê quatro” deve ser alguém, e que o “Gê nove” deve ser algum lugar. Mas por que não falam o nome da pessoa e o lugar? É pra ser secreto? Será que o "Gê nove" também é uma pessoa? Aí sim existiria motivo para segredos! Com esses códigos, parece que eles estão jogando batalha naval. Dá a impressão de que, qualquer dia desses, vou ouvir pelas caixas de som: “Cê quatro, Gê nove” – volta música, interrompe de novo - “Acertou um porta aviões” – volta música.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Banho na casa dos outros

Tomar banho na casa dos outros é sempre um problema. A gente tenta evitar, mas às vezes não tem jeito.

Acontece que no seu banheiro você já sabe mais ou menos onde colocar suas coisas. Sabe onde colocar a toalha, onde jogar a roupa suja, onde deixar a roupa limpa até terminar o banho... Quando a gente entra no banheiro dos outros, não conseguimos achar UM lugar sequer para colocar nada nosso! Nada, por mais que o dono da casa veja mil lugares! A gente fica lá, perdido, segurando as roupas e pensando: “O que McGyver faria nessa hora?”. Daí, você acaba improvisando: coloca a calça em cima da pia (passando o braço pra ver se num tá muito molhada), a camisa em cima da descarga, e por aí vai. A roupa suja vai no chão mesmo.

Então, nos preparamos para entrar no box. Quando colocamos o primeiro pé nele, batidas na porta: “Ô, Fulano! Olha, não liga o chuveiro todo não, senão pega fogo! Só gira até o meio! E pra água esquentar tem que dar uma vassourada no interruptor, pulando em uma perna só!”. Macetes de chuveiro, todo mundo tem. Depois do ritual, conseguimos ligá-lo sem correr riscos.

Dentro do box, nos sentimos totalmente desconfortáveis. No nosso banheiro, a gente já tem um lugar correto onde ficar, sabemos o lugar exato onde a água vai cair. No dos outros, não! Ou a ducha é muito mais estreita, e faz você tomar banho aos poucos, exercitando o pescoço pra molhar a cabeça toda; ou é muito espalhada, te obrigando a dançar balé pra pegar os fios de água que teimam em não cair juntos, indo um pra cada lado e não molhando o indivíduo por completo.

Sabonete. Se a gente leva, tudo bem. Mas se não leva, cria-se um clima esquisito lá dentro. Você olha pro sabonete da pessoa, ele olha pra você, e você pensa: “É, amigo. Eu sei que não somos muito íntimos, mas preciso de você nessa hora. Estamos juntos nessa”. Daí você o pega e começa a esfregar pelo corpo. Você o esfrega com a sensação de que “algo está errado” naquilo tudo. É como se o sabonete fosse a mão de um tarado.

Depois do sabonete, a gente pega o xampu dos outros (o que não é tão constrangedor assim), coloca na mão, e percebe que ele está cheio de... água. O que leva uma pessoa a colocar água no xampu, afinal? Fica uma coisa meio melada, meio esquisita, sabe? “Ah, Fulano, é pra render”, usam essa desculpa. Sim, mas xampu não é ki-suco! Eles não entendem isso! Eu nunca vi escrito numa embalagem de xampu: FAZ 2 LITROS.

Terminamos o banho, nos enxugamos, catamos a roupa espalhada pelo banheiro, e olhamos para a roupa suja que deixamos no chão. Encaramos aquele amontoado de intimidade nossa, lembramos que não trouxemos um saco plástico e pensamos: “Puuutz... Como vou passar com isso pela casa dos outros?”. Daí, a gente embala a cueca (ou calcinha, no caso das mulheres) no meio das peças convencionais, de forma que não apareça nem mesmo uma brechinha. É como uma missão de espionagem: se deixarmos aparecer a cor da nossa cueca na casa dos outros, a missão falhou. É uma tarefa de alta periculosidade, pois o constrangimento poderá afetar a amizade pelo resto da vida! Saímos do banheiro com o amontoado de roupas embaixo do braço, segurando firme e andando sempre em frente, tentando agir com naturalidade (o que nunca dá certo, a tensão fica estampada na nossa cara), até chegarmos sãos e salvos à nossa mala/mochila/bolsa. Ufa!