sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Loja de departamentos

Loja de departamentos é um negócio complicado... Eu só queria saber por que essas lojas têm tantas mentiras. Sim, essas lojas mentem sem dó nem piedade, e a gente, trouxa, nem percebe. Por exemplo, seção de DVD’s. Você olha e lê: “DVD’s organizados por ordem alfabética”. Bem... não. Não estão, não. Alguém avise ao moço da loja que aquilo ali está errado! Afinal, o que o “Ben Hur” está fazendo do ladinho do “Zorro”? Das duas, uma: ou eles tem muito poucos filmes, existindo um vazio imenso entre a letra B e a letra Z; ou a “ordem alfabética” foi pro beleléu faz tempo. Claro que a resposta certa é segunda opção, a não ser que estejamos falando daquela locadora caseira prestes a falir que fica perto da nossa casa.

Outra mentira é o tamanho das camisas. Aliás, comprar camisas em lojas de departamento é sinal de desespero, convenhamos. Geralmente se compra naquelas situações como: “Mãe, meus amigos podem rabiscar essa camisa na escola?”, “Não, menino! Essa é de sair! Vai naquela loja que a gente compra biscoito barato e traz quatro camisas!”, “Tá bom, mãe... Mas, peraí, dez reais? Não são quatro camisas?”, “Sim! E traz o troco!”. Essas camisas são feitas para bonecos e bonecas, porque o tamanho G deles equivale ao P que seres humanos normais vestem. Já a M e a P, bem... Melhor nem falar nada.

Eu também nunca entendi, nessas lojas, o fato de interromperem aquelas músicas irritantes pra falarem uns códigos mais irritantes ainda! “Atenção, Cê quatro, Jota dois, compareça ao Gê nove”. Eu sei que o “Cê quatro” deve ser alguém, e que o “Gê nove” deve ser algum lugar. Mas por que não falam o nome da pessoa e o lugar? É pra ser secreto? Será que o "Gê nove" também é uma pessoa? Aí sim existiria motivo para segredos! Com esses códigos, parece que eles estão jogando batalha naval. Dá a impressão de que, qualquer dia desses, vou ouvir pelas caixas de som: “Cê quatro, Gê nove” – volta música, interrompe de novo - “Acertou um porta aviões” – volta música.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Banho na casa dos outros

Tomar banho na casa dos outros é sempre um problema. A gente tenta evitar, mas às vezes não tem jeito.

Acontece que no seu banheiro você já sabe mais ou menos onde colocar suas coisas. Sabe onde colocar a toalha, onde jogar a roupa suja, onde deixar a roupa limpa até terminar o banho... Quando a gente entra no banheiro dos outros, não conseguimos achar UM lugar sequer para colocar nada nosso! Nada, por mais que o dono da casa veja mil lugares! A gente fica lá, perdido, segurando as roupas e pensando: “O que McGyver faria nessa hora?”. Daí, você acaba improvisando: coloca a calça em cima da pia (passando o braço pra ver se num tá muito molhada), a camisa em cima da descarga, e por aí vai. A roupa suja vai no chão mesmo.

Então, nos preparamos para entrar no box. Quando colocamos o primeiro pé nele, batidas na porta: “Ô, Fulano! Olha, não liga o chuveiro todo não, senão pega fogo! Só gira até o meio! E pra água esquentar tem que dar uma vassourada no interruptor, pulando em uma perna só!”. Macetes de chuveiro, todo mundo tem. Depois do ritual, conseguimos ligá-lo sem correr riscos.

Dentro do box, nos sentimos totalmente desconfortáveis. No nosso banheiro, a gente já tem um lugar correto onde ficar, sabemos o lugar exato onde a água vai cair. No dos outros, não! Ou a ducha é muito mais estreita, e faz você tomar banho aos poucos, exercitando o pescoço pra molhar a cabeça toda; ou é muito espalhada, te obrigando a dançar balé pra pegar os fios de água que teimam em não cair juntos, indo um pra cada lado e não molhando o indivíduo por completo.

Sabonete. Se a gente leva, tudo bem. Mas se não leva, cria-se um clima esquisito lá dentro. Você olha pro sabonete da pessoa, ele olha pra você, e você pensa: “É, amigo. Eu sei que não somos muito íntimos, mas preciso de você nessa hora. Estamos juntos nessa”. Daí você o pega e começa a esfregar pelo corpo. Você o esfrega com a sensação de que “algo está errado” naquilo tudo. É como se o sabonete fosse a mão de um tarado.

Depois do sabonete, a gente pega o xampu dos outros (o que não é tão constrangedor assim), coloca na mão, e percebe que ele está cheio de... água. O que leva uma pessoa a colocar água no xampu, afinal? Fica uma coisa meio melada, meio esquisita, sabe? “Ah, Fulano, é pra render”, usam essa desculpa. Sim, mas xampu não é ki-suco! Eles não entendem isso! Eu nunca vi escrito numa embalagem de xampu: FAZ 2 LITROS.

Terminamos o banho, nos enxugamos, catamos a roupa espalhada pelo banheiro, e olhamos para a roupa suja que deixamos no chão. Encaramos aquele amontoado de intimidade nossa, lembramos que não trouxemos um saco plástico e pensamos: “Puuutz... Como vou passar com isso pela casa dos outros?”. Daí, a gente embala a cueca (ou calcinha, no caso das mulheres) no meio das peças convencionais, de forma que não apareça nem mesmo uma brechinha. É como uma missão de espionagem: se deixarmos aparecer a cor da nossa cueca na casa dos outros, a missão falhou. É uma tarefa de alta periculosidade, pois o constrangimento poderá afetar a amizade pelo resto da vida! Saímos do banheiro com o amontoado de roupas embaixo do braço, segurando firme e andando sempre em frente, tentando agir com naturalidade (o que nunca dá certo, a tensão fica estampada na nossa cara), até chegarmos sãos e salvos à nossa mala/mochila/bolsa. Ufa!