domingo, 31 de agosto de 2008

Supermercado

Fazer compras em supermercado pode ser encarado de várias formas pelas pessoas. Uns acham que é uma terapia, outros acham que é um saco (ou vários, se for compra de mês), outros não acham nada – apenas vão e ficam hipnotizados pela luz branca, pegando tudo o que é colorido e bonitinho (como os bolinhos Ana Maria, por exemplo. A gente não precisa deles, mas a embalagem é tão colorida e a menina parece tão feliz que é quase impossível não levar um).

O “passeio” começa com a escolha do carrinho. Dizem que não somos nós que escolhemos o carrinho; é o carrinho que escolhe a gente. Afinal, assim que olhamos pra pilha onde eles estão, sabemos exatamente qual iremos pegar. É como se ele estivesse nos chamando. Se alguma pessoa chega nele primeiro, a gente fica meio desnorteado. Por fim, conseguimos um, e quando estamos entrando no mercado o digníssimo começa a puxar pra direita. Olhamos pra roda e reparamos que ela está tortinha, tortinha, fazendo um barulho engraçado, como se estivesse rindo da gente. Nessa hora, o dilema: “Continuo com ele mesmo assim ou volto até lá e troco? Acabei de sair de lá, caramba! Agora que já escolhi e cheguei até aqui não vou voltar, não. Por que ele não mostrou que estava ruim assim que pegamos?”. Então, a roda começa a emperrar, e você nota que é inviável continuar com ele.

Entrando no mercado, com um carrinho em perfeitas condições, a primeira coisa que ouvimos é a voz do locutor pelos alto-falantes: “Alô, cliente amigo dos supermercados Promoshow, que bom ter você conosco! Aqui em frente aos frios, temos os biscoitos Mofadinho em promoção, venha aproveitar!”. Aliás, já reparou que as vozes destes locutores são sempre iguais? Devem ser todos irmãos, vindo de uma mesma mãe (ou de uma mesma fábrica). Gordos, magros, altos, baixos, não importa. Todos têm a mesmíssima voz grave e irritante.

Outra coisa irritante em supermercado são as “promoções-relâmpago”. Se você estiver perto de um produto que vai entrar numa promoção destas, corra. Corra como o vento. Logo, logo, neste lugar, será travado um duelo de proporções medievais, pode acreditar. É impressionante, mesmo que estejam vendendo “biscoitos Mofadinho sabor Jiló”, o som de tapas, socos e empurrões será ouvido durante alguns minutos rápidos e intensos. É como uma arena de gladiadores, só que ao invés de sair com a cabeça do adversário, as pessoas saem segurando um pacote de Mofadinho como um troféu, com arranhões no braço e os olhos lacrimejados de orgulho.

Alguns supermercados vendem produtos que não condizem muito com esse tipo de estabelecimento. Eu nunca entendi, por exemplo, mercados que vendem televisão, pneu, computadores... “Querida, vai no mercado?” “Sim, amor!” “Tá bom, não esquece do arroz, do óleo e da TV de plasma 42 polegadas, ok?” “Pode deixar! Não quer que eu traga um laptop? Acho que o nosso está meio gasto, precisando trocar”. “Sim, traga sim! Se o dinheiro não der, deixe o arroz! Beijo!”.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Segurando cartazes de candidatos

Eleições municipais chegando... Candidatos brotando como coelhinhos da Páscoa em abril... O circo está armado! Uma moda que está nas ruas desde as últimas eleições são pessoas segurando cartazes de políticos. Estas pessoas são localizadas perto de postes, de sinais de trânsito, ou em qualquer espaço gramado. Pode conferir.

Acho que essa não é uma estratégia muito adequada. Afinal, já repararam na cara de “meu time perdeu a final do campeonato” dessas pessoas? Estão sempre com a cabeça baixa, usando os cartazes para se proteger do sol. “Tá certo, candidato. Eu seguro seu cartaz e voto em você, mas faça uma placa que não deixe muito o sol passar, por favor! Nem quero saber de moradia, ou saneamento básico, só não quero voltar pra casa de ombro ardendo, pode ser?”.

Quando eu passo e vejo o quanto essas pessoas estão “animadas” por segurarem a tal placa de candidato, já me tira qualquer vontade de votar no sujeito. Coitadas, afinal! Se ele deixa o contratado dele com essa cara de “moço, me dá uma carona e me leva pra casa, não agüento mais ficar aqui!”, imagina o que ele pode fazer com os eleitores? É isso o que me passa pela cabeça quando vejo uma cena dessas! Vai ver é até um candidato bacana, mas a estratégia está tão certa quanto as previsões da mãe Dináh. Se eu fosse candidato, deixaria um pessoal debaixo de uma barraca de praia, com água-de-côco e óculos escuros dizendo, sorrindo: “Vote no Dan! O candidato Sundown!”.