quinta-feira, 24 de julho de 2008

Anúncios no poste

Vida de poste não é fácil. Além de trabalhar em pé durante todo o dia, sem folgas nos fins-de-semana, ainda tem que conviver diariamente com linhas de pipas se embolando em seus fios, com cachorros fazendo suas necessidades no seu pé, sem falar nos cartazes que sempre colam nele, anunciando todo o tipo de serviço. O mais famoso (e incômodo) é o que diz: “Trago a pessoa amada em 3 dias”.
Se isso realmente funciona, como eles dizem, deve existir toda uma corporação por trás desse ramo de negócios. Imagine se a pessoa amada de alguém está na Inglaterra, do outro lado do oceano. Será que fica mais caro? “Olha, eu trago ela pro senhor em três dias, mas temos o adicional da taxa de embarque, da ligação interurbana, da contratação do tradutor, da coxinha de frango no aeroporto do Galeão pro rapaz que for buscá-la...”.

Seria interessante se eles tivessem um serviço de telemarketing (o que não deve demorar muito a acontecer):
“Bom dia! É o senhor Carlos?”
“Sim, sou eu”.
“Senhor Carlos, aqui quem fala é Janete, da empresa ‘Trago, mas não estrago’, e gostaria de saber se o senhor estaria interessado em nossos serviços”.
“Serviços? Que serviços?”.
“Nós trazemos a pessoa amada em três dias, senhor”.
“Mas eu já moro com minha esposa, oras”.
“Ah, entendo, senhor. Mas o senhor está certificado de que ela é sua pessoa amada?”
“É claro! Estamos juntos há muito tempo!”
“Senhor, nesse caso, nós poderíamos estar procurando qualquer outra pessoa amada sua pela metade do preço, fora um adicional de procura”.
“Qualquer outra, é? Bem, nesse caso, me traga um donuts de canela com recheio de avelã. Não acho em padaria nenhuma, e olha que já rodei por todas as confeitarias da cidade!”
“Tudo bem, senhor, estaremos trazendo seu donuts de canela e avelã amado em três dias. Mais alguma coisa?”.
“Não, só isso. Obrigado”.

Uma promoção que eles poderiam fazer seria: “Trago a pessoa amada em três dias; e pagando mais 150 reais, trago a pessoa amada de banho tomado e dirigindo um Astra zero quilômetros, para passear com você pela cidade”.

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Outro cartaz comum de se encontrar nos postes é sobre animais desaparecidos. “Procuro cachorro vira-lata sumido há uma semana. O nome dele é Bolete e gosta muito de brincar. A dona sente falta dele e paga 15 reais para quem o achar”. Peraí, gosta dele, mas pra ter ele de volta só paga 15 reais? Acho que ela não deve estar sentindo tanta falta assim, não. Com esse dinheiro você mal pede uma pizza! Que dirá pedir pra trazerem seu cachorro de estimação sumido! E outra coisa: qual a importância de dizer no cartaz que ele gosta muito de brincar? Nunca entendi isso! “Ei, aquele cachorro ali não é o que a moça tá procurando?” “Não, aquele ali tá muito quieto. A moça disse que o dela gosta de brincar”. Bem, acho que o fato dele estar na rua sem ninguém deixa o animal sem muito clima pra brincadeiras, não? Desse jeito, vai ser impossível identificar o bichinho.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Propaganda de carro

Eu não consigo entender por que, nas propagandas de carro, eles falam sobre a mala em “litros”. “É o carro mais espaçoso na sua categoria! Na mala cabem 470 litros!”. Sim, será que eles pensam mesmo que eu vou encher o carro de água pra me importar com “quantos litros cabem no porta-malas”? Não seria muito mais simples dizer: “É o mais espaçoso! Cabem dois colchonetes (três, se forem daqueles velhos sem espumas), cinco mochilas estufadas de roupas, uma bola de praia, dez caixas de cerveja, sete garrafas de refrigerantes, além do seu cachorro Rudolph e sua sogra!”.

Algo muito comum em propaganda de carros é, por incrível que pareça, a ausência de... carros! Digo, é claro que aparece na tela o veículo que está sendo vendido pelo anúncio, mas é o único! Não há um automóvel sequer por perto. A paisagem é extremamente deserta. E, na maioria das vezes, tem uma família inteira no veículo (ou seja, casal de pais, um menino ruivo e uma menina com um ursinho de pelúcia no colo). A pergunta que fica é: pra onde essa família está indo? Será que se perderam? E, se eles estão perdidos, por que continuam sorrindo? Se fosse uma situação real, o menino estaria tentando rasgar o ursinho da irmã, a irmã estaria chorando porque estava apertada, a mulher estaria dizendo que “deveria ter escutado a mãe dela, e escolhido outro marido”, enquanto o marido estaria dizendo que sabia exatamente pra onde estava indo, sem fazer a menor idéia de onde estava. Talvez a mensagem que a propaganda quer passar seja: “Compre nosso carro, mas nunca se esqueça de levar um mapa quando for viajar!”.